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MATE-ME POR FAVOR / 2015 / BRASIL / DRAMA / 101' Anit

  • Writer: carmem cortez
    carmem cortez
  • Sep 25, 2016
  • 5 min read

Conversa de adolescente é sempre muito cheia de hipérboles. Narrativa de adolescente é sempre ou quase sempre repleta de exageros: "_Ontem tive um sonho assim, assim, assado e, (no final da história), estava sangrando muito, mas tipo MUITO MESMO". "_ tá, e aí?", pergunta uma das colegas que está na rodinha de amigas..."_ e daí, responde aquela, ..." que eu morri".

Á quase todos os personagens desta obra de ficção, é dada uma certa dose de exagero, seja na forma de expressar os sentimentos, seja na maneira hiperbólica de dizer alguma coisa. De qualquer maneira, um não está separado do outro. O discurso não está desvinculado da emoção.

Não obstante, Bia ( a atriz revelação VALENTINA HERSZAQUE) é a personagem central da trama. Adolescente classe media de um bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que vive junto com seu irmão, João, personagem do ator BERNARDO MARINHO, um clima de suspense em que essa história é envolvida.

Mas voltemos a descrição iniciada nos primeiro e segundo parágrafos.

João, o irmão de Bia, já nem tão adolescente assim, nutre um amor apaixonado por uma pessoa a quem ele tenta contatar via internet, saber noticias, mas sem resposta. A negativa de receber de volta um 'ola' que seja, já faz ele voltar o olhar perdido, ter um comportamento quase automato, como se o mundo tivesse caído - como naquela canção interpretada pela cantora MAYSA. Ele bebe um wisky com o olhar vago. Ele mal sai do sofa, e fica ali entregue e inerte ao computador, buscando um sinal do outro lado da tela que lhe possa dar alento, um respaldo de correspondencia daquele que é o seu objeto de desejo, o objeto de sua paixão.

Bia por sua vez, da asas a imaginação quando ouve atentamente impressionada as histórias do comportamento assumido ainda em vida da primeira morta que o filme nos mostra (LORENA COMPARATO), talvez pela sedução que o perigo nos causa, chegando a copiar - de leve - seu comportamento, como se dessa forma, Bia se aproximasse um pouco mais da morte.

Adolescente é assim: se encanta pelo perigo; gosta de correr um certo risco - de viver sob uma certa adrenalina....fala e faz tudo no aumentativo da sua razão. E o que fez ANITA ROCHA da SILVEIRA?. Foi nos dar um pouco do que essa fase de nossas vidas tem, um pouco dessa idiossincrasia, partindo de um ou varios fatos igualmente hiperbolicos. Afinal, assassinatos soam em nossos imaginários como algo que vai alem da nossa capacidade de compreensão. São como um grito, como aquele que se ve logo nos primeiros 10 minutos da exibição da obra. Um grande susto. Um acontecimento de impacto. E assim, ANITA brinca. Ela brinca com a imaginação de Bia e dos adolescentes da história. Ela faz uma grande brincadeira séria. Por que quando um adolescente usa a expressão : "muito perfeito", é apenas uma referencia MUITO SÉRIA, uma figura de linguagem pra expressar que a saia do shopping coube de tal modo como feita sob medida. Ou que a "parada ficou tensa", somente porque a menina viu o ex com a outra.

São varias as indicações de que o filme quer mostrar que esse mundo de Bias e assemelhados(as), é quase feito de vida ou morte (no sentido do exagero e do que eventualmente pode-se levar aos riscos, pela curiosidade, pela adrenalina).

Nesse contexto de hiperboles metaforicos, tem o momento da menina que quebra literalmente o nariz, com uma bolada no teino de handball (hilário); o sonho contado pela coleguinha; a propria tensão no olhar de Bia tanto nos momentos em que aparentemente ela está a salvo (sózinha em algum lugar entre quatro paredes), e também nos momentos em que ela está andando na rua, a princípio, vulnerável e expostas aos perigos do 'mundo fora de casa'.

Até a festa de 15 anos tem sua dose de exagero que beira o cafona, o brega.

Aquelas histórias de nossas horas do 'recreio' no patio da escola, que povoavam nossas imaginações angustiadas antevendo perigo e tensão, como a mulher de branco que vivia no banheiro, e que a qualquer momento poderia nos atacar. Quem nunca, no ENSINO FUNDAMENTAL ou MEDIO, não se deixou levar pelo assombro desse fantasma. E a gente acreditava sempre!!

E vai além...não para por ai. O fato da história não ter reviravoltas; o assassino é o que menos importa, pois não o vemos, não sabemos se é homem, mulher (de branco)...do inicio ao fim não saberemos quem matou as jovens que ousaram circular pelos lugares ermos dessa Barra da Tijuca.

Em MATE-ME POR FAVOR, ANITA DA SILVEIRA, em seu primeiro longa, escolheu esse bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, como local para contar a história de Bia, uma adolescente que vive neste grande bairro, com seus colegas adolescentes, sua vida normal de adolescente. Mas Bia e seus amigos não estão so. Estão cercados por uma onda de assassinatos que vão acontecendo, acometendo meninas novas, um pouco mais velhas talvez que a nossa Bia..

A Barra da Tijuca como escolha de locação, ressalta, ao meu ver, esse (talvez) amargurado mundo imaginativo hiperbólico, com suas construções imponentes, onde as gerações 'atuais' vivem em pequenos grandes clausos. Clausos cheios de conforto e infraestrutura, mas enjaulados em seus universos particulares. As brincadeiras de rua como outrora os nossos pais, ou ate mesmo os de BIa viveram, agora são transformados em atividades ludicas cercadas de um amarado firme e protetor, compartilhadas num gigantesco quadrado de concreto que atende muitas vezes pelo nome de P.U.C (Pavimento Unico de Convivencia), com suas quadras, salões de jogos , pista de corrida, mas entre grades e muros.

Não vemos os pais de Bia nem os pais de seus amigos. A mãe de BIa e João, a gente sabe que existe porque ela é só citada. E a referencia é que ela está na casa do namorado. Será que as relações estão tão distantes assim?!?!! O condominio cuida da educação...e é, melhor dizendo, oportuna a não aparição das figuras parentais. Trata-se aqui de dar enfase a uma outra coisa. Por certo, os planos que mostram as longiquoas construções dos edificios, longe das ruas, das demais construções e ou estabelecimentos comerciais, longe de qualquer movimentação ordinária, como se quisesse ilustrar o quase inalcansavel, denotando esse distanciamento - o afastamento do convívio entre pais e filhos. Não sei...um palpite, apenas.

Ma ao final, Bia faz as pazes com o alvoroço de suas emoções, ao deitar suas inquietudes.

MATE-ME POR FAVOR, - pode ser que haja muita divergencia em relação a essa minha humilde opnião -, mas é uma grande brincadeira. Uma brincadeira séria. Um brincar com a imaginação do adolescente representado pela personagem BIA. Um brincar com os exageros de suas percepções, e experimentações da descoberta de um modo novo e quem sabe arriscado, apoiado , numa entediante, quem sabe, vida de morador de um bairro chamado Barra Da Tijuca.

Ainda em circuito exibidor, iniciou sua carreira cinematografica no dia 9 deste mes, salvo engano, portanto, é bom correr, por que a qualquer momento pode sair de cartaz.

De pronto causa um pouco de estranheza, mas é bem engenhoso. Vale um confere, sem sombra de duvidas.

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